Luiz Felipe divide com seus leitores todos os desenlances de sua jornada, suas aventuras e frustrações fora do seu país.
Antes de toda a viagem começar eu me perguntei e perguntei a outras pessoas também se essa experiência valeria mesmo a pena. Algumas delas foram definitivas: "Que bem vai fazer a você, ir pra lá para uma cidade do interior trabalhar em algo que nem é ligado a sua área?". Algumas vezes eu também me perguntei isso e antes mesmo de ir decidi me fiar em um outro tipo de conhecimento.
Por mais que a tecnologia avance e as máquinas fiquem cada vez melhores, as lentes das câmeras simplesmente não conseguem captar toda a magnitude e dimensão que as montanhas e a natureza possuem inerentes em si. Cada detalhe, por mais minúsculo que seja tem a sua importância na composição da obra inteira. Como as pinceladas de pintores expressionistas, elas estão lá por alguma razão. Mesmo que não saibamos qual seria a diferença entre um tom e outro, entre uma pincelada e outra. Toda a precisão que se tem olhando a obra final é incrível.
Soberbo como uma trilha na mata, ou o topo de uma montanha.
Bob Dylan e sua gaita me ajudaram na apresentação de uma mínima parte do que mais chama atenção aqui, a montanha, as descidas e o ski. Confira quantas vezes eu falo a palavra "incrível".
Tá certo, nem todas as aventuras começam em tavernas (mas garanto que já “presenciei” algumas muit boas) a nossa, por exemplo, não começou em uma, continuou lá. O que aconteceu na verdade, antes de qualquer aventura, foi um feriado e um aniversário no mesmo dia. O feriado foi o President’s Day e o aniversariante foi o Rafael, um dos convivas brasileiros do Round Hearth que acompanha a minha saga.
Desculpe pela demora na continuação da história. As vezes é complicado parar por alguns instantes e repensar todas essas experiências e ser capaz de relatá-las.
Na última postagem, o grupo vindo do Round Hearth havia chegado em Boston. Estávamos em uma cidade grande e nunca antes visitada por nenhum de nós. O caminho que tinhamos planejado estava fechado e teríamos que nos achar no meio da madrugada.
O que aconteceu depois que não pegamos a entrada certa foi uma mistura de sentimentos distintos. Alguns estavam preocupados com o nosso próximo caminho, outros com a violência da cidade durante a madrugada e havia aqueles preocupados se o zoom da máquina conseguiria fotografar os edifícios mais bonitos.
Passavamos por uma sucessão de ruas diferentes, várias avenidas com nomes estranhos e não faziamos a menor ideia de onde estávamos. Rodamos por uma hora de madrugada confiando no instinto de cada um, no mal humor por não termos dormido durante a noite e em um pequeno mapa que só mostrava parte da cidade, até acharmos uma das localidades que visitaríamos pela manhã e assim, finalmente nos localizarmos.
Essa uma hora de pânico foi essencial para o decorrer da viagem, nessa hora aprendemos em quais ruas poderiamos virar, quais levavam as saídas e os principais retornos. Aprendemos como funcionava o trânsito no miolo da cidade. Foi uma ótima idéia termos chegado de madrugada. Desse jeito pudemos nos perder sem nenhum trânsito para aumentar nosso estresse.