Luiz Felipe divide com seus leitores todos os desenlances de sua jornada, suas aventuras e frustrações fora do seu país.
Acho que a maioria das pessoas que me conhecem sabe que eu gosto de ficção científica. E eu entendo o olhar de reprovação com que elas me olham quando eu digo a frase anterior. A ficção é considerada por muitos literatura em um nível menor, algo fantasioso e muitas vezes descartável. Eu, no entanto, acho que algumas ficções científicas têm um grande valor filosófico, imaginativo e porquê não... real. O que me estimula a ler, assistir ou consumir de uma forma geral esse gênero é a possibilidade que ele tem em teorizar, e propor uma reflexão de como seria o nosso mundo em uma situação hipotética ou realidade paralela. E a partir dela refletir sobre a realidade em que vivemos.
Tendo tirado isso do caminho, eu posso finalmente abordar o tema de hoje: 1984. Na verdade é algo mais, como a ficção futurista de George Orwell me afetou e logicamente afeta muitas das coisas que eu vivo. A foto ao lado é um exemplo claro de que a ficção fantasiosa não é tão irreal assim. Sobre a relação que isso tem com a viagem aos Estados Unidos, a foto foi tirada em um passeio em Boston, já contado aqui neste mesmo blogue.
—Será o engano infantil na vida...—Aceito!—Será a credulidade insensata.—Aceito!—Será a inocência indefesa. — Aceito! —Será a zombaria do mundo e a cegueira da razão. —Aceito!*
Ah, visão do bem! Que adoramos ter sobre as coisas de fora enquanto criticamos avidamente o que temos. Afinal de contas, a grama do vizinho é sempre a mais verde, não é mesmo? O texto que escreverei hoje talvez choque alguns dos meus leitores. (Que prepotência), porque talvez por entre os textos eu tenha passado uma imagem errada sobre mim e nas coisas que eu acredito.
É muito complicado contar experiências novas e descrever um assunto detalhadamente sem parecer que exista um grande sentimento de adoração por o que se descreve. E é o que ficou parecendo. Não adoro os Estados Unidos.
"- O que é corrupção? Pra que serve um deputado?
Não me diga que o Brasil foi descoberto por acaso!
Ou que a minhoca é hermafrodita
Ou sobre a tênia solitária.
Não me faça decorar as capitanias hereditárias!!"
A educação está muito presente em minha vida. Não poderia viajar e não tentar ao menos espiar um pouco do que acontece em outros países. Hoje conto como me fiz nosso grupo de intercambiarios se passar por professores e darmos uma volta em uma escola em Vermont. Aproveito também para falar um pouco de educação aqui e nos Estados Unidos. Quando pensei pela primeira vez nesse texto ainda estava viajando e ele caberia muito bem no plano de dedicar algumas das publicações a certas pessoas.
Quero com essa postagem abrir um parêntesis. Dessa vez para falar de algo que me chamou atenção por ser não só tão pessoal e variado, como digno de uma reflexão. As variáveis sensações alheias a respeito dos meus anfitriões: os estadounidenses.
Antes de eu viajar eu ouvi vários comentários, uns me disseram que eram todos porcos capitalistas, outros me disseram que eram a população do futuro, dignos de um país do futuro.
Como propus na última postagem, continuo então a narrar minhas aventuras por outras terras. Quando estas histórias acabarem, veremos o que será do blogue. Mas, não pensamos nisso por enquanto. Vamos viver a história viva em nossas experiências
Previously on Termostato Remoto:
Voltamos para o dia 24 de Fevereiro de 2009, após conhecer um pouco mais da cidade de Burlington, se vocês bem lembram da postagem anterior ( A casa de Ethan Allen – Parte 2).
Voltávamos para o carro de David, meu guia pela cidade, quando avistamos algo na floresta.
O que encontramos foi uma torre de guarda, preservada pelo tempo em um dos lugares mais antigos da cidade. Qual a finalidade de ter sido construída, ou o que ela guardava e de quem, meu guia não pode afirmar com certeza. Embora saibamos que sua construção pode ter sido tanto por causa da Guerra Civil, ou a formação do estado de Vermont e por vários outros motivos.
Mas o que ficou mesmo para mim foi a idéia da persistência das ações contra o tempo. Seja lá por que motivo ela foi construída, a torre sobreviveu. E viveu além de seus construtores e seus ideais e desavenças.
Assim como Odisseu teve muito trabalho ao voltar para sua casa, antes é claro, de poder aproveitar da compania de seu filho e sua esposa. Eu, como viajante (claramente em um nível menor que ele) também precisei de um certo tempo para voltar a rotina e lidar com algumas mudanças inevitáveis para todos aqueles que passam algum tempo fora.
Queridos leitores,
Chegou o dia de me despedir do Round Hearth e conhecer um pouco do país em que eu estou.
Daqui a algumas horas pego um trem na cidade vizinha com destino a Nova Iorque.
Espero que tudo corra bem.
Em breve mando notícias
Alguém reconhece os macacos voadores?
Continuando nosso passeio pela maior cidade do estado de Vermont chegamos a antiga estação de trem. O sistema ferroviário também perdeu a força em Burlington, com os novos meios de transporte hoje a antiga estação de trem serve mesmo como destino de amostras artísticas e apresentações em geral.
Atrás da estação no entanto, encontramos uma das melhores vistas de Vermont: a vista da orla do lago Champlain, a divisa natural com o estado de Nova Iorque. O Lago Champlain é um recurso incrível tanto para tranporte, alimentação e ciência e até mitos populares.
Reza a lenda de que exista um monstro marinho habitando as profundezas do lago. No áquario a beira do lago, vi relatos em videos, fotos e supostas aparições do monstro. Sendo verdade ou não tal mito traz vários visitantes à cidade e ao aquário. Você acredita?
É incrível como as coisas acontecem inesperadamente, um convite surge de uma simples conversa e oportunidades aparecem de repente. Foi mais ou menos assim que consegui um guia por Burlington, um professor de culinária e um exemplo de que mudanças fazem bem, tudo em uma pessoa só.
David Francis é professor de culinária em Burligton e cozinheiro chefe em um dos melhores cafés da cidade. Ele veio ao Round Hearth apenas para conhecer o lugar e acabamos conversando por algumas horas durante o meu horário de trabalho.
Ele ficou surpreso que eu tinha vindo de tão longe querendo conhecer um pouco mais da cultura daqui. Foi por isso que ele se prontificou a me mostrar uma cidade que ele conhecia bem e que agora eu mostro a vocês: Burlington.